Sunday, October 7, 2007

The devil lives in details....


Numa conversa com o Cláudio (Baiako) a algum tempo atrás (se é que já podemos chamar troca de e-mails de conversa) ele veio com essa expressão “the devil lives in details” com a qual concordo absolutamente. Mas venho aqui falar sobre o outro lado da moeda, que são as pequenos coisas “do bem” que existem, e muitas vezes nem percebemos. Por ser detalhe, passa despercebido, se for de “devil” talvez nem tanto, mas se for um detalhe pra algo positivo, por ser algo que vai trazer harmonia, algo que é pro melhor, muitas vezes passa batido.

Mas de vez em quando os detalhes se tornam gritantes, quando mudamos de perspectiva, ou de paradigma. Na foto de cima (da minha bicicleta numa esquina) gostaria de chamar a atenção pra três detalhes. 1) a cestinha da bicicleta. Sem carro, em uma cidade que tem que se andar de 3 a 10 quadras para fazer grandes compras semanais de supermercado (porque eu e Mari comemos muito! : ), uma cestinha na bicicleta faz diferença. 2) o banco velho da bicicleta. Numa cidade famosa por roubos de bicicleta, ter um banco feio, velho e carcomido faz milagres pra deixar o aspecto geral de uma bicicleta bem mais decadente. Tenho certeza que meu banquinho velho já salvou minha bicicleta de ser roubada algumas vezes. 3) A rampinha amarela na esquina compensando o desnível da calçada pra rua. Nos primeiros dias aqui em Berkeley, fiquei de queixo caído com a gritante quantidade de pessoas transitando pelas ruas em cadeiras de roda. Sozinhas, com suas cadeiras hi-tech motorizadas, levando vidas normais, 70 centímetros abaixo do “padrão”. Daí fui percebendo que a cidade toda é projetada pra pessoas em cadeira de roda. Todos os ônibus e prédios tem rampas de acesso, toda entrada de metrô tem elevador, as portas dos prédios tem sistemas especiais e claro, TODAS as esquinas da cidade tem uma rampinha para a rua.

Lembro que meu pai tinha comentado a mesma coisa anos atrás sobre algum país escandinavo. E que na época levantamos a questão se no Brasil vemos menos pessoas em cadeiras de roda andando pelas ruas porque existem menos pessoas nessa condição no Brasil, o porque simplesmente ela não saem de casa pela impossibilidade de transitar na rua sem um acompanhante, devido aos obstáculos.

Enfim, acredito que projetar uma esquina com rampa não seja nenhum grande desafio de engenharia. É só um detalhe. Mas para aqueles que não podem se mover com as pernas, faz toda a diferença. The devil lives in details.... and so as heaven.

2 comments:

Unknown said...

Tatu!!!
Que saudade da minha velha bike!!
Eu tb sempre achei uma grande vantagem ter a cestinha e o banco todo ferrado!! Que bom que você manteve tudo! :)
Beijos.

Ogro said...

E vc sabe malandro, por que aquele padrão em relevo de bolinhas? Aquilo é para os cegos, a princípio.
Nesse último N-Design nós (Eu, Vivi e Dufa) fizemos uma oficina bem bacana sobre acessibilidade e inclusão.
E aí meu velho, volta qdo?!